domingo, 25 de abril de 2010

'Marcella'

- Está cedo, volta para cama.
- Já passou do meu horário, preciso trabalhar.
- Esqueça o trabalho, fique comigo.
- Não posso.
- Te odeio.
- Não foi isso que você disse ontem à noite enquanto gozava.
- Ontem já passou, quero viver o hoje.

Irritada, levanta da cama, vai até a janela, acende um cigarro enquanto ele veste a calça jeans. Traga umas duas vezes e olha para o céu cinzento, perde-se em devaneios e o encara. Ainda com raiva, pega a camisa dele e a veste, traga mais uma vez e larga o cigarro no cinzeiro. Faz a última tentativa:
- Fica, garanto que não vai se arrepender - faz uma cara sacana -.
- Por isso não fico, me perco nas suas pernas e sei que elas me prenderão.

Marcella apela, apóia o pé esquerdo na mesa em que o cinzeiro está e começa a tocar-se, iniciando pelas coxas e aproximando-se do sexo dela, mudando a intensidade da respiração. Miguel a repreende com um olhar sério e ela corresponde com uma risada. Ele resolve assistir o espetáculo e senta-se na cama. Ela lança-lhe um olhar furtivo e ele intimidado pisca.

Ela fecha os olhos e começa a fantasiar que está no centro de um triângulo e em cada ponta há um homem, os dois que estão atrás devoram-lhe as costas, ela tenta virar, mas é impedida por um outro que a prende pela boca. Tenta enxergar os rostos, mas não consegue.

Por momentos sente-se vulnerável e gosta dessa sensação, gosta de sentir-se submissa na hora do sexo. Abre os olhos e nota que Miguel não está mais sentado e sai à procura dele. Vai até a cozinha e só encontra migalhas de pão sobre a mesa, corre até o banheiro e só encontra toalhas molhadas na pia. Possessa, ela berra os piores xingamentos para quem quiser ouvir. Ela acorda atônita e percebe que foi apenas um sonho.

Senta-se na cama, olha para Miguel que está dormindo e decide ir até a cozinha para preparar um café. Acha algumas contas debaixo do capacho da porta e reclama pela falta de dinheiro. Quando volta para o leito, percebe que ele está despertando. Deixa a xícara de café repousar ao lado do cinzeiro e acomoda-se aos pés dele. Ele abre os olhos vagarosamente e a cabeça dela vai em direção as pernas dele, deixando os lábios roçarem entre o lençol e sua pele. Para por alguns instantes, o bastante para ele reclamar:
- Seria mais vantajoso se não tivesse um lençol separando a sua boca do meu corpo...

Ela abre um sorriso tímido e puxa o lençol para si, ele afasta as pernas lentamente para que ela possa trabalhar direito. Explora as partes internas das coxas dele em movimentos longos. Os pés dele se contraem, seu subconsciente deseja que a boca dela acabe em apenas um lugar, e os minutos que ela considera como provocação, para ele são tortura. Ele aproxima as mãos da cabeça dela, primeiramente elas fazem chamegos no cabelo, mas depois, sugerem algo a mais e ela entende o recado aproximando-se do sexo dele.

Marcella o devora como se estivesse com fome, seus movimentos são rápidos, Miguel se prende no lençol, fecha os olhos e solta gemidos abafados. Ela se excita com isso e acelera os movimentos. A respiração muda, ele grita:
- PARA!

Ele a olha com uma cara de Jack Nicholson em O Iluminado e isso faz os pêlos do corpo dela se arrepiarem. Está ofegante, segundos se passam e ele vocifera:
- Agora é a minha vez e essas pernas não escaparão de mim.

Em pé e de costas para ela, ele a encosta na parede e afasta as pernas dela de maneira grosseira. O choque de temperatura dos corpos a deixa com tesão e as investidas rápidas dele a fazem gritar alto.
- Mais rápido, quero sentir você.
- Tem certeza?

Ele a pega no colo, a apóia na parede deixando-a trançar as pernas em suas costas, aumenta a velocidade das investidas e com alguns minutos eles gozam juntos. Extasiada, veste uma camisa dele, pega um cigarro e traga um gole do café frio. Ela deita no chão, ele se aconchega no peito dela e pensando alto ela deixa escapar:
- É Miguel, você é melhor que todas as minhas fantasias.
- O que você quer dizer com isso?
- Nada demais, não precisa se preocupar – e dá uma risada -.