quarta-feira, 4 de junho de 2008

'Conquista'

Me pergunto, às vezes, se realmente vale a pena acreditar em um amor. Não um qualquer, que muitos não distinguem do platônico, mas sim, aquele em que o sentimento te arrebatara de tal modo, deixando-o parcialmente inconsciente do mundo exterior, pois desviara sua atenção àquela pessoa. Por sua conta em risco, colocando de lado toda a sabedoria que outrora fora adquirida e que agora não passa de um peso a mais, porque nós sabemos que o amor só preciso de dois idiotas, para ser formado e quem sabe algum dia, vir a ser sacramentado. Mas arrisco a minha opinião, de que felizes foram aqueles que arriscaram seu orgulho e testaram a sua coragem e assim seguiram confiantes, para uma batalha inconsciente de egos, em que sua arma principal é desconhecida pelo outro e que qualquer passo em falso, fará você perder a batalha, em questões de segundos.

terça-feira, 3 de junho de 2008

'Consideração'

É da natureza do ser humano, expressar seus sentimentos de forma mais aberta quando há intimidade entre ambos. De chorar na frente dos outros, assim procurando auxílio e deixando orgulho e crenças 'toscas' de lado. De agir para um bem maior, que o seu próprio, em prol dos bons costumes. Possuir a endorfina do amor, aquela em que a intimidade já não tem mais limites e que a razão já tomou a consciência. De fazer uma amizade transpassar o plano terrestre e tornar-la, algo imortal e não mortal, em que qualquer 'trouxa' tira de você o que foi conquistado com garra, suor, amor e afeição. A morte pode ser traiçoeira para alguns, mas ela não passa do seu próprio destino, que fora traçado, muito antes de você chegar neste plano. Numa amizade, o mínimo que podemos fazer é ter respeito e amarmos de fato. E quando houver uma morte, fazemos com que ela não se apague como uma estrela após sua extinção e sim que seja como um Deus, algo imortal e intenso que transcenderá por todas as eras.

domingo, 1 de junho de 2008

'Elália'

Era uma tarde cinzenta e chuvosa de junho. As gotas da chuva que caíam na janela, corriam como se aquilo fosse a única opção existente. Uma pessoa ansiosa aguardava por algo, que por ventura nem existisse, mas ela sabia que seria a melhor fuga para todos os seus deseperos e anseios. Dedilhava em sua memória, todos os momentos que ali foram vivídos e desejados. Entre um espaço de tempo, encontrava-se rindo de si mesma. Rindo de suas maluquices que naquele lugar, montara sua glória em vida. Lançou olhares furtivos para a criança que dormia com uma expressão vaga, porém feliz.
Ouviu-se um ruído quase imperceptível e olhou para o lado. Em choque, levantou assustada, pois a alguns metros de onde permanecia, encontrava-se alguém que não estava em seus planos notórios. Um homem surgira. Muito belo em aparência, trajava roupas distintas, porém muito elegantes e bem cuidadas. Também possuía um cabelo estranho ao gosto de alguns, mas que para ela, era algo fascinante. O que mais impressionara nele, eram seus olhos verdes, como uma imensidão jamais vista em terra. Lágrimas escorreram quando ele se aproximou. Sentiu um calafrio, que outrora achasse que não podia mais sentir e sorriu para si mesmo. A criança que ali adormecera, estava acordada e de olhos pregados e vivos naquilo que não sabia distinguir. A mulher começara a chorar e num descuido, uma lágrima borrara a colcha, onde instantes antes jazia uma criança que em outros tempos, era dela.
Um estampido desviou a atenção de todos os presentes, mas para Elália, que ali aguardara o dia todo, era chegada a hora da despedida. Um outro homem surgira: trajava-se de um elegante terno branco, cujo os sapatos acompanhavam em cor. Ele fazia gestos para ela se aproximar e ela assentiu com um aceno de cabeça. Aproximou-se aos poucos do homem e da criança - que agora parecia apreensiva em seu colo -. Parou inerte em frente aos dois. A criança, que devia ter menos de um ano, fitava-a com veemência. Elália chegou ao ouvido do homem que estava sentado e pronunciou as seguintes palavras: ''Minha hora chegou''. Um sentimento de angústia e calafrio perpassam por ele, que vira instantaneamente para o lado onde Elália estava curvada e seus lábios se encontram, trazendo para si mesmo, um sentimento de calor único, que ele sabia, que era o calor que sentia apenas na presença de Elália. Seus olhos começaram a lacrimejar involuntariamente. Evitando a angústia, Elália aproxima-se do bebê, que agora mantêm um olhar penetrante que a faz piscar. ''Meu Bebê, saiba que te amo'', ao término lhe concede um beijo em seus pequenos lábios rosados, que quase instantaneamente fazem a criança, outrara apelidada de 'Bebê', rir gostosamente.
Caminhando em direção ao homem de branco, ela vira apenas uma vez para trás e profere as seguintes palavras com seus olhos marejados de lágrimas, porém, com um sorriso que somente Ben conhecia: ''agora vou em paz. Amo vocês''. Ela para bruscamente quando ouve um: ''eu te amo, Elália'', da boca de Ben, que agora estava com um olhar fixo, no céu cinzento. Com um sorriso satisfatório e mais lágrimas descontroladas, ela se foi.